Testagem de HIV na atenção primária: limites e potencialidades em Fortaleza

Autores

  • Denise Zakabi USP

Resumo

O Ministério da Saúde tem recomendado a ampliação da testagem de HIV para a atenção primária. Este artigo buscou compreender como ocorre a oferta e pedido de teste HIV, na atenção primária, a partir da perspectiva de profissionais de saúde de Fortaleza. Buscou-se analisar se há espaço para diálogo entre profissionais de saúde e usuários, tendo como perspectiva teórica a prática do acolhimento. Foram realizadas duas entrevistas com gestores e oito entrevistas semiestruturadas com profissionais de saúde de Fortaleza e análise temática dos conteúdos. Segundo os entrevistados, há condições relacionadas à organização do trabalho que dificultam o atendimento e até impossibilitam a realização de aconselhamento durante o pedido de teste de HIV, além do estigma associado historicamente ao HIV. Os pedidos de teste anti-HIV são realizados rotineiramente quando relacionados aos programas de tuberculose, pré-natal e nos casos de DST. Em caso de recusa no pré-natal, os profissionais precisam se confrontar com dilemas morais entre informações técnicas e valores ético-políticos. Fora dos programas mencionados, há dificuldade de os profissionais oferecerem o teste pelo estigma associado ao HIV.  Destacaram-se ações de educação em saúde criativas, voltadas para prática da prevenção às DST/aids, que favoreceram a formação de vínculo entre profissional de saúde e usuário e demanda pelo teste de HIV. Nesse sentido, o incentivo para ações criativas e a formação continuada dos profissionais de saúde mostra-se importante para lidar com as limitações encontradas.

Biografia do Autor

Denise Zakabi, USP

Mestra pelo Departamento de Medicina Preventiva pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e doutoranda pelo Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo

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Publicado

2017-08-01

Edição

Seção

CIências da Saúde