Encontros e conversas durante a testagem anti-HIV na atenção primária em São Paulo
Resumo
O Ministério da Saúde tem recomendado a ampliação da testagem de HIV para a atenção primária, sob a perspectiva da análise de vulnerabilidade. O objetivo deste artigo foi analisar entrevistas realizadas com 11 profissionais de saúde da atenção primária de São Paulo sobre os encontros nos quais ocorrem o pedido e a comunicação do teste anti-HIV. A análise dos relatos dos entrevistados indicou que os profissionais demonstraram constrangimento em oferecer a testagem anti-HIV, exceto para casos com protocolos pré-estabelecidos, por temerem represália do usuário pelo estigma associado à aids. Destacou-se a prioridade do oferecimento da testagem para alguns grupos, particularmente: jovens, trabalhadores do sexo e homossexuais. Há, assim, um distanciamento entre o que é recomendado pelo MS e a prática da atenção primária, demonstrando a necessidade de supervisão e educação continuada para maior conjugação entre a teoria e a prática.Referências
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